Dos 34 km2 de área do Monte Roraima, 80% pertence ao território venezuelano, 15% à Guiana e apenas 5% ao Brasil. O único caminho de acesso ao topo foi descoberto em 1984 pela Venezuela, por isso é preciso ir até Santa Elena de Uiaren para conquistar o monte.

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Monte Roraima

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Aldeia de Paratepuy
Aldeia de Paratepuy

O pacote padrão das empresas incluem 6 dias de trekking, sendo três dias para subida, um no topo e dois para descida. O primeiro passo foi ir até a Aldeia de Paratepuy de jeep, onde já foi possível ver e fotografar o Monte Roraima no caminho.

A trilha começou por volta das duas da tarde, foram 12 km até chegarmos no acampamento nas margens do Rio Tek às seis da tarde.

O Monte Roraima sempre à nossa frente
O Monte Roraima sempre à nossa frente

Como foi subir o Monte Roraima

Esse primeiro dia foi leve, nem pode ser chamado de subida. O grande desafio foi acostumar com os 15 quilos do peso da mochila. Quanto mais me aproximava dos paredões, mais sentia a sensação da imponência das grandes formações rochosas dos tepuis Roraima e Kukenán, consideradas umas das mais antigas do planeta.

Acampamento Tek
Acampamento Tek

O banho foi no Rio Tek, segundo os guias, era o mais quente até o fim da trilha. A água era muito fria, senti medo do que me esperava pela frente.

No segundo dia levantamos cedo, por volta das 6 horas, após tomar um super café preparado pela equipe de suporte da expedição, composta por índios da aldeia, partimos para o acampamento base do tepui. Logo de cara tivemos que atravessar o rio Tek, bom para refrescar o corpo que enfrentou muito sol nesse dia.

Descanço para recuperar o fôlego
Descanço para recuperar o fôlego

A caminhada começou leve, porém foi ficando mais pesada à medida que iniciou a subida. Algumas paradas foram essenciais para recuperar a disposição. Nesse dia nos orientaram a levar mais água, pois tinha apenas um ponto para reabastecer. Foram 6 horas até chegar no acampamento, bem na base do paredão. A vista deste lugar já era incrível e aproveitamos o tempo lá em cima jogando partidas de poker e fazendo yoga.

Aula de Yoga no topo do Monte Roraima
Aula de Yoga
Subida em trilhas pesadas
Subida íngreme
Partida de Poker
Partida de Poker

O terceiro dia foi o mais pesado, com subidas muito íngremes, com muitas pedras e barro. A parte boa foi passar quase todo o tempo na sombra, pois tem muita mata na base do paredão. Em alguns trechos parecia estar enfrentando pancadas de chuva, mas na verdade eram cascatas de água que despencam do topo da montanha.

A cada momento eu olhava para cima tentando calcular quanto faltava, mas é muito difícil ter noção devido a grandiosidade do monte. Depois de chegar no topo, caminhamos em direção ao acampamento e no caminho teve parada para banho em jacuzzis naturais. Esse banho estava gelado, mas foi revigorante.

No topo do Monte Roraima

Chegar ao topo do Monte Roraima me trouxe uma sensação de conquista. Um lugar inóspito e diferente de qualquer outro que já estive, um portal para o mundo perdido.

Barracas empilhadas até na caverna
Barracas empilhadas até na caverna

Após três dias finalmente atingi meu objetivo, porém foi preciso mais alguns quilômetros até chegar em nosso “hotel”. O lugar estava lotado, pois fui passar a virada de ano, e nesse período o roteiro é muito procurado.

As barracas foram sendo empilhadas onde tinha espaço, inclusive na pequena caverna que existia no acampamento. Mesmo assim tudo ficou muito organizado, e aquele local lembrava realmente um hotel, tinha uma cozinha central, espaço para refeições e um banheiro bem isolado.

Cozinha do Acampamento
Cozinha do Acampamento
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Marco do Ponto Triplo
Marco do Ponto Triplo

O que tem para ver no topo do Monte Roraima

Fiquei dois dias no topo e pude conhecer o Ponto Triplo (marco onde Venezuela, Brasil e Guiana fazem divisa), o Vale dos Cristais (um caminho repleto de cristais brancos que parece neve), o Fosso (um buraco gigantesco com um poço de água que não pude tomar banho por causa do mau tempo), o Paredão La Ventana (uma janela que nos permite avistar o mundo lá embaixo, porém não vi nada por que o tempo não ajudou) e o Maverick (o ponto mais alto do Monte). Não tive muita sorte na minha estadia ali em cima, dias com sol fazem grande diferença nesse trekking.

Fosso no topo do Monte Roraima
Fosso
Amanhecer no Monte Roraima
Amanhecer no Monte Roraima

Todas os dias acordei por volta das cinco e meia da manhã para registrar o nascer do sol.  Isso me rendeu ótimas fotos, e motivou mais pessoas a levantarem cedo no segundo dia. O pôr do sol também é garantia de fotos belíssimas, ainda mais no ponto mais alto que existia no fundo do nosso acampamento.

As noites no topo são bem frias, e tudo que você deixa fora da barraca amanhece molhado. Não adianta tentar lavar nada lá em cima porque que não seca, por isso você deve levar roupas para todos os dias.

No interior da caverna
No interior da caverna

No último dia os guias nos levaram para conhecer uma caverna, onde tomei o banho mais gelado da minha vida. Antes de sairmos, apagamos as lanternas e ficamos em silêncio por um minuto. Foi uma sensação muito louca, em alguns instantes imaginei que tinham me esquecido ali dentro.


Dedo de Deus

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A descida

A descida é feita pelo mesmo caminho que subimos, pois só existe este acesso até o topo. A diferença é que fazemos isso em dois dias, e não em três como a subida, pois passamos reto pelo Acampamento Base.

Iniciando a descida
Iniciando a descida

A descida exige muito dos dedos dos pés, pois você concentra todo seu peso neles. É muito importante estar com as unhas bem cortadas, mas não muito rentes pois pode levantar a unha.

No último acampamento tem cerveja quente para vender, porém depois de seis dias de esforço ninguém reclamou disso, e até eu que não bebo saboreei uma.

No ponto final, o pessoal da Roraima Adventure nos recebeu com cervejas e refrigerantes bem gelados, em um clima de celebração pela conquista. Todos exaustos mas extremamente felizes pelo desafio completo.

A despedida do Monte Roraima
A despedida do Monte Roraima

A última lembrança que tenho do Monte Roraima é ele sumindo entre as nuvens, como se fechassem as cortinas de um espetáculo. Nesse momento me senti feliz por ter conquistado o topo de um dos lugares mais antigos do planeta.

Mais textos sobre a expedição:

+ Trilhas no Mundo Perdido
+ Dicas para subir o Monte Roraima
+ Um monte de surpresas
+ O que levar na expedição de 6 dias

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Jacuzzis naturais no Monte Roraima
Jacuzzis naturais

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Autor Leandro Vettorazzi Gabrieli

Co-fundador do Territórios versão 2010-2013, fotógrafo amador, empresário e entusiasta de tecnologia. Combina o hobby de viajar com a paixão de fotografar, principalmente animais. Parceiro para tudo, não precisa perguntar duas vezes para fazer uma aventura ou indiada. Se você encontrar com ele em uma viagem certamente estará com sua mochila nas costas e sua Nikon na mão. | Siga no Flickr

2 Comments

  1. E se eu te contar que só peguei poucas horas de chuva em um dos dias? Que a roupa secou de um dia pra outro lá em cima e a visibilidade estava perfeita quase sempre… Aguarde minhas fotos

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