GAROPABA

Rota da Baleia Franca: saiba onde ver baleias em Santa Catarina


As baleias sempre visitaram a costa brasileira em busca de águas mais quentes que as da Antártica no inverno. Então o homem tratou de caçá-las até a quase extinção da espécie Franca, a mais dócil de todas. Em resumo, elas pararam de vir, a lei proibindo a caça foi criada e, aos poucos, elas começaram a voltar. Mas nem comparado ao passado em número e locais de avistamento. Nos últimos anos elas têm se concentrado na região de Santa Catarina que, devido à incidência e possibilidade de ver os animais por terra, ganhou o nome de Rota da Baleia Franca.

Entre agosto e novembro, mães e filhotes podem ser vistos nos pontos de observação espalhados pelo litoral dos municípios de Laguna, Imbituba e Garopaba. Passei por lá em setembro com a esperança de ver de perto esses mamíferos gigantes. Vi e adorei a experiência, porém, não consegui fazer a foto imaginada nem usando uma lente 300 milímetros. As melhores imagens apresentadas aqui são do guia Julio César Vicente.

A novidade para 2019 é a retomada do turismo de observação de baleias embarcado. A atividade passou por um processo de regulamentação e estará liberada a partir de 15 de agosto até 5 de novembro.

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Onde ver baleias em Santa Catarina

Embora os guias locais recomendem três dias para ver baleias, ir até o ponto de observação não é garantia de vê-las, principalmente de perto. Isto é regra em toda contemplação do mundo selvagem animal, a gente só vê o que os bichos permitem conforme a vontade deles. Durante a minha estada nenhuma pulou para fora d’água ou chegou perto das pedras quando eu estava nos pontos mais altos. E como o avistamento embarcado estava temporariamente proibido na época, as chances de chegar perto diminuíram bastante.

Avistamento de baleia-franca em terra. Foto de Julio César Vicente
Avistamento de baleia-franca em terra. Foto de Julio César Vicente

Onde e como avistei baleia-franca

Observei a primeira baleia-franca na Barra de Ibiraquera no terceiro dia e o melhor momento foi no alto das rochas da Praia de Ferrugem no quarto dia. Nos outros dias também avistei na Ribanceira e no Rosa. Isto porque estava sempre acompanhada por guias locais. Eles ensinaram técnicas para diferenciar baleias de rochas e encontrar aquele ponto preto na imensidão do mar. Tarefa ainda mais complicada em dias cinzas.

Dorso na Praia da Ferrugem
Dorso na Praia da Ferrugem
Rosto na Praia da Ferrugem
Rosto na Praia da Ferrugem

Os guias estão constantemente em contato com as organizações responsáveis por monitorar baleias em Santa Catarina e com os pescadores que ficam de olho no mar. Um fala para o outro e assim conseguimos quase sempre alcançá-las na praia certa. No Farol de Santa Marta não vimos por minutos. Uma baleia havia passado boa parte da manhã ali, até quinze minutos antes da nossa chegada.

Kombaleia
Kombaleia
Procurando baleia no alto da kombi
Procurando baleia no alto da kombi

O momento mais divertido da busca pelas baleias foi um tipo de rally com safari no Kombaleia, uma kombi personalizada com o tema baleia. O nosso grupo de dividiu entre a kombi e buggys percorrendo praias pouco visitadas entre Laguna e Imbituba. O risco de atolar era grande enquanto ficávamos de olho no mar e nas ondas. Algumas até atingiram os buggys e geraram muitas gargalhadas. Ainda paramos na Pedra do Frade e no Centro Nacional de Conservação da Baleia Franca (Projeto Baleia Franca).

Souvenir da viagem

baleia-franca de pelúcia
baleia-franca de pelúcia

Na última parada encontrei o presente fofo para a minha afilhada. Uma baleia de pelúcia que existe de verdade e sua localização pode ser encontrada no site do projeto. Isto porque o brinquedo tem os mesmos desenhos brancos que identificam cada baleia-franca. Ele vem com um número e dados de nascimento da baleia, a qual pretendo rever um dia, de preferência acompanhada por  minha afilhada quando ela estiver maior. Presente com significado, afinal, as duas (ela e a baleia) tem quase a mesma idade e devem viver cerca de 80 anos.

baleia-franca
baleia-franca. Foto de Julio César Vicente

Sobre a baleia-franca

Borrifo em formato de "V" na Praia da Ferrugem
Borrifo em formato de “V” na Praia da Ferrugem

As baleias franca migram para a costa de Santa Catarina em busca de águas calmas, quentes e protegidas para acasalamento, parto e ensinar os filhotes nos primeiros meses de vida. Para ter uma ideia do tamanho, as fêmeas podem atingir mais de 17 metros e 60 toneladas.

Na observação podemos visualizar algumas partes exclusivas da espécie. Por exemplo, o dorso (é a única espécie de baleia sem a nadadeira dorsal), as calosidades brancas (o branco são piolhos-de-baleia que acompanham o cetáceo a vida toda) que permitem identificar cada animal, a cauda, o borrifo em formato de “V” e a nadadeira peitoral.

A espécie baleia-franca é chamada assim por ser dócil e de hábitos costeiros. E isto a torna uma presa fácil para caçadores de baleias. Antes de existir o cimento ou a energia elétrica o óleo de baleia servia para iluminar as cidades e construir prédios.

Farol de Santa Marta construído com calcário e óleo de baleia
Farol de Santa Marta construído com calcário e óleo de baleia

Proteção à baleia-franca

Duas organizações não governamentais monitoram e ajudam a proteger os animais através de pesquisa científica, educação e sensibilização do público. Tanto o Projeto Baleia Franca, na Praia de Itapirubá, quanto o Instituto Baleia Franca, em Garopaba, estão abertos a visitação e tem um monte de informações sobre a baleia-franca.

Para proteger o ecossistema onde as baleias vêm se reproduzir, foi criado uma Área de Conservação Ambiental (APA) desde o sul da ilha de Florianópolis até a Praia do Rincão. A Unidade de Conservação abrange 130 km de costa, lagos, lagoas, rios e conjunto de dunas administrada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

Ossos de baleia no Projeto Baleia Franca
Ossos de baleia no Projeto Baleia Franca

Projeto Baleia Franca possui deck para observação de cetáceos, lojinha onde comprei a baleia de pelúcia e um espaço de educação ambiental. Na Av. Atlântica, s/n, Praia de Itapitubá, Imbituba. Visite o site.

Instituto Baleia Franca tem um Centro de Interpretação da Vida Marinha e observação de baleias orientada (inclusive embarcado). Na Rua Manoel Álvares de Araújo, Garopaba. Conheça o trabalho deles no site.

Cabo de Santa Marta
Farol de Santa Marta

A Rota da Baleia Franca

Um destino de ecoturismo que segue os princípios da responsabilidade socioambiental e tem como diferencial o espetáculo das baleias franca, além das belezas naturais do litoral catarinense. A Rota também conta com inúmeras atividades como esportes de aventura, excelentes opções em gastronomia típica e atrativos culturais. Portanto, se as baleias não aparecerem de cara ou se nem todos da família tem interesse pelos cetáceos, há um monte de outras coisas pra fazer.

Nós fizemos trilhas e city tour histórico em Laguna e Garopaba; provamos as delícias do Festival Gastronômico Rota da Baleia Franca; praticamos stand up paddle; visitamos comunidades que trabalham com butiás, engenho de farinha e os pescadores de tainha ajudados pelos botos; e só não saltamos de paraquedas porque o vento forte não deu trégua.

+ Saiba o que fazer na Praia do Rosa durante o inverno

SUP feito de garrafa PET no projeto Eco Garopaba
SUP feito de garrafa PET no projeto Eco Garopaba

A Rota da Baleia Franca é o resultado de um projeto idealizado pelo SEBRAE, em parceria com os municípios litorâneos de Santa Catarina. Busca capacitar e fortalecer os pequenos negócios voltados ao turismo e fomentar a economia na chamada baixa temporada. Saiba mais no site.

Pousadas e hotéis também participam do projeto oferecendo pacotes promocionais no mesmo período da visita das baleias. Deixo os nomes dos lugares onde me hospedei: Pousada da Lagoa, Pousada da Praia, Pousada Mevlana Garden, Solar Mirador Exclusive Resort Spa e Hotel Internacional Gravatal.

De buggy procurando baleias
De buggy procurando baleias

Tome Nota Rota da Baleia Franca

Baleias-francas podem ser avistadas por toda a Rota, mas a probabilidade de observação aumenta em Ibiraquera e Praia da Ribanceira. Seguido por Galheta do Farol, Gamboa, Vila Nova e Itapirubá. Conforme a tendência observada nas últimas temporadas.

O nosso roteiro foi todo organizado pelo receptivo Casa Verde e os guias que ajudaram no avistamento de baleias foram Julio César Vicente (Kombaleia) e Jean Vasconcelos. O motorista do receptivo Sem Fronteiras também avisava quando encontrava alguma dirigindo o microônibus.

Casa Verde Experências Turísticas esta localizada em Imbituba e atende pelos telefones (48) 99144.1531 e 99623.6858.

Além do litoral catarinense, baleias franca podem ser vistas na Península Valdés (Argentina), Uruguai, África do Sul, sul da Austrália e Nova Zelândia. Mas Santa Catarina tem a vantagem de não ser tão frio como Uruguai ou Argentina no inverno. Conforme o vento, pode até pegar uma praia.

Na temporada de 2018, o Instituto Australis registrou 284 baleias-francas, o maior número dos últimos 31 anos.

Onde mais as baleias-francas aparecem no mundo
Onde mais as baleias-francas aparecem no mundo

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Esta viagem foi um convite do SEBRAE SC. Foto destaque de Julio César Vicente.

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Roberta Martins

Comunicadora, idealizadora deste site, fotógrafa e guia de turismo. Há 16 anos relata suas experiências de viagem focando em cultura e aventura. Saiba mais na página da autora. Encontre no Instagram

2 Comments

  1. Eu estive na região do Farol de Santa Marta em dezembro do ano passado, e, conversando com o dono da pousada onde fiquei, ele falou que estão buscando aumentar o turismo na região nessa época do ano, pra ver as baleias francas. Falta incentivo do governo do estado e da prefeitura da cidade de Laguna, mas que estão buscando parcerias com barqueiros, licenças do IBAMA e do Ministério da Marinha pra poder fomentar o turismo.

    • Roberta Martins Reply

      A viagem que eu fiz fez parte de um projeto do SEBRAE com participação do Governo do Estado para fomentar o turismo na região através da divulgação. Ainda tem problemas erros, mas vejo as pessoas se mexendo com boa vontade.

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