Como já escrevi anteriormente, a chuva atrapalhou meus planos de caminhada até o topo de uma das montanhas da Alta via dei Parchi, cadeia que cruza a Itália de um lado a outro na horizontal. Por sorte, Stefano pensou rápido em alternativas para os dois dias nos Montes Apeninos valerem a pena e mostrou a diferença em contratar um guia que conhece bem o local.

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Janela florida em borgo
Janela florida em borgo

Visitamos algumas propriedades rurais onde famílias vivem do agro turismo, borgos* que preservam a história nas paredes de pedra, igrejinhas medievais, fábrica de queijo com origem de procedência, museu com homenagem aos brasileiros e cidadezinhas pitorescas. A região não se compara em beleza natural com outros cenários europeus para trilha, mas pega pesado pelo estômago e torna o conjunto atividades ao ar livre, mais conforto somado à gastronomia da Emilia Romagna em uma experiência deliciosa.

O que são borgos?
São propriedades rurais muradas com uma torre, algumas com várias casas e igreja, outras pequenas. De acordo com a explicação de Stefano, borgo é a essência da cultura italiana e tem um significado diferente dos outros países. Com o término do Império Romano, a Itália ficou sem comando. Vieram as invasões bárbaras e isso fez com que as pessoas do campo se unissem por proteção. Dentro dos muros as casas foram construídas parede com parede conforme a família ou necessidades aumentassem. As mudanças nas construções são visíveis nos diferentes tamanhos de janelas e portas utilizados e altura do muro, conforme o período histórico. Hoje viraram hotéis, museus, restaurantes ou continuam casas de família.

A névoa densa trazendo frio
A névoa densa trazendo frio

Apeninos

Chegamos a estação de trem Vignola e o guia nos esperava para começar a viagem de carro pelos Montes Apeninos. Fazia mais frio que em Bolonha, as nuvens estavam pesadas, mas ainda havia esperança do tempo melhorar no topo da montanha. Compramos quitutes para um piquenique e seguimos pela estrada. A névoa foi aumentando, a temperatura caindo e a chuva despencou no início da trilha. Stefano nos olhou de cima a baixo e perguntou se queríamos continuar, eu gostaria, mas não vestia roupas apropriadas para enfrentar frio e chuva por horas.

O Parco Corno Alle Scale é famoso no inverno pela estação de esqui e tem estrutura para proteger da chuva, aproveitamos para almoçar e observar a paisagem. Era início de outubro e as marcas do outono estavam a mostra exatamente como o esperado, folhas amarelas caindo, céu cinza e muita umidade no ar.

O que deu para ver do Parco Corno Alle Scale, Apeninos
O que deu para ver do Parco Corno Alle Scale

Descemos rumo à Montese e a chuva ficou no alto da montanha para melhorar o nosso astral. Então vieram as descobertas Tolé, Montese, Zocca e tudo o que citei no início do texto com informações detalhadas mesclando com Parmigiano Reggiano, Presunto Parma, Azeite Balsâmico, Gelato e assim por diante.

Para completar, nossa hospedagem foi em um borgo e meu quarto no alto da torre com uma vista com horizonte, assim como em todas as cidadezinhas por ali. O lugar era um charme com muito conforto misturando atual e o antigo. Um jantar delicioso, atendimento impecável, piscina térmica e uma bela noite de sono.

Hotel em borgo reformado. Meu quarto era a janelinha no alto da torre
Hotel em borgo reformado. Meu quarto era a janelinha no alto da torre

Na hora de descer a serra de volta a Vignola, estava um pouco decepcionada por nunca conseguir fazer trilha na Europa (minha quarta viagem e as trilhas nunca cabem no roteiro), mas feliz por toda a experiência adquirida. Eis que o sol apareceu tímido mudando as cores da paisagem, Steffano lembrou de um lugar para nos levar ali perto e, finalmente, rolou a trilha!

Formação rochosa parece pintura no Parco Sassi Di Roccamalatina, Apeninos
Formação rochosa parece pintura no Parco Sassi Di Roccamalatina

Duas trilhas, primeiro uma formação rochosa onde alcançamos a cruz no topo, trilha média com escadas de ferro nas partes mais íngremes. Lá do alto a vista vale a pena, telhados dos borgos, vegetação de outono e ventania. Entretanto, o cenário mais bonito era da própria pedra em que subimos vista de longe com os raios de sol do final de tarde batendo, parecia uma pintura exatamente como mostra a foto acima.

Trilha no bosque no Parco Sassi Di Roccamalatina, Apeninos
Trilha no bosque no Parco Sassi Di Roccamalatina

A segunda foi em um bosque com pontes de madeira, árvores enormes, vegetação densa, poucas flores anunciando o fim do calor e ninguém além de nós na trilha. Voltamos para estrada caminhando quando ocorreu uma situação inusitada, uns 15 cachorros passeavam com sua dona e vieram latindo em nossa direção. Como cão que ladra não morde, eles só fizeram barulho e passaram reto. Ufa!

Cachorros correndo em nossa direção
Cachorros correndo em nossa direção

O tempo fechou de novo e é hora de seguir viagem. Talvez um dia eu volte com tempo firme para desbravar as montanhas dos Apeninos.

Altar dentro do santuário
Altar dentro do santuário

O que ver nos Apeninos

SANTUÁRIO MADONNA DELL’ACERO

Igreja de 1359 com história bem mais antiga que remonta ao período dos romanos. Como não tem data nem registros, pode até ser a mais antiga da Itália, segundo o guia. No princípio era local de hospedagem no importante caminho que ligava Bolonha a Roma. Então surgiu a capela e foi sendo reformada no passar dos anos. Quem vem pela estrada, próximo a Lizzano, visualiza uma casa de pedra antiga e nem imagina que dentro tem um altar rico em ouro e história.

Santuário histórico em Lizzano
Santuário histórico em Lizzano

PIEVE DI ROFFENO

Pequena igreja de um antigo borgo que virou restaurante na zona rural. Os chamados agriturismo, onde os proprietários elaboram um menu com produtos da região ou caseiros. O restaurante funciona em poucos dias, mas a propriedade é aberta para visitar, o que já vale a parada. Tem a torre, portas e janelas antigas emolduradas com flores, a vegetação típica, o clima de sítio e toda a parte histórica. A igreja tem registro desde 1183 e data de construção incerta. Verifique o site para horários e localização.

Capela de Roffeno, Apeninos
Capela de Roffeno

CASEIFICIO ROSOLA

Para conhecer o processo de fabricação, comprar e degustar o saboroso Parmigiano Reggiano. O queijo parmesão com origem de procedência só pode ser vendido depois de 22 a 30 meses de descanso. A fábrica fica em Zocca, em frente ao campo onde pastam as vaquinhas que dão origem ao famoso queijo – raça Bianca Modenese. Veja o tour guiado e endereço no site.

Um dos sócios da cooperativa me levou para um tour na fábrica
Um dos sócios da cooperativa me levou para um tour na fábrica

PARCO REGIONALE CORNO ALLE SCALE

Onde deveríamos ter feito a trilha e o passeio de bicicleta. Informações no site.

PARCO REGIONALE SASSI DI ROCCAMALATINA

Onde fizemos as trilhas, a base é um borgo com café, loja e restaurante.

A vista no topo da pedra
A vista no topo da pedra

GALERIA DE ARTE EM TOLÉ

A cidade é um museu a céu aberto e já escrevi um texto exclusivo aqui.

MUSEU HISTÓRICO DE MONTESE

Conta a passagem da Segunda Guerra Mundial em Montese e tem uma ala homenageando os brasileiros que lutaram e venceram uma batalha importante. Leia o relato aqui.

Estrada nos Apeninos no outono
Estrada nos Apeninos no outono

Tome Nota Apeninos

O tour: para contratar um guia e comprar passeios fale com a Trekking Italy. Stefano Barbieri foi um ótimo guia e ele fala português. O pacote foi uma cortesia para o projeto BlogVille.

Como chegar aos Apeninos: o trem regional parte de hora em hora da Estação Central de Bolonha e leva 1h até Vignola, onde o guia nos esperava.

Hospedagem nos Apeninos: adorei a sensação de dormir na torre de um borgo, infelizmente os proprietários se mudaram para outra cidade e fecharam. Mas a região de Montese tem algumas opções neste estilo, ou mais luxuoso, que encontrei no Booking.com.

Onde comer em Zocca: decidi comer algo típico da cidade e a dica foi tigella e gnocco fritto no simples Bar Cimone. São sanduíches redondos com recheios diversos. A massa pode ser assada – Tigella, ou frita – Gnocco (a melhor). 

Vista do alto da torre do borgo
Vista do alto da torre do borgo

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Essa viagem foi patrocinada e fez parte da ação BlogVille Emilia Romagna. Fotos de Roberta Martins e Leandro Gabrieli.

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Autor Roberta Martins

Comunicadora, idealizadora deste site, fotógrafa e guia de turismo. Há 16 anos relata suas experiências de viagem focando em cultura e aventura. Saiba mais na página da autora. Encontre no Instagram

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